400: O Trivium: As Artes Liberais

As Artes Liberais, termo cunhado na Idade Média, embora o conceito seja Clássico, compreende os setes ramos do saber que iniciam o jovem na vida de estudos. Seus ramos são divididos de acordo com o seu escopo: Lógica, Gramática, e Retórica - artes da linguagem e intransitivas - constituem a primeira parte, o Trivium, que corresponde à Mente. O Quadrivium, em seguida, compreende as artes concernentes à Matéria; são elas a Aritmética, a Música, a Geometria, e a Astrologia, que está, por sua vez, alinhada verticalmente a pelo menos três ciências mães – Metafísica, Cosmologia, e Teologia. Todas essas artes devem convergir na luz unificante do Intellectus Primus, ou Λόγος , ou Verbo Divino, pois se trata de um saber perfeitamente integrado no eixo de uma realização espiritual pessoal.

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As Artes Liberais

A Lógica é a arte de pensar e está relacionada com as coisas como são conhecidas. Ela prescreve como combinar conceitos em julgamentos e estes em silogismos e sequências de raciocínio para chegar à Verdade.
É considerada a Arte das Artes, pois direciona o próprio ato de pensar (raciocinar), o qual direciona todos os outros atos humanos ao seu fim pelos meios adequados.

A Gramática é a arte de inventar e combinar símbolos e por isso se preocupa com as coisas como são simbolizadas. Prescreve como combinar palavras para formar sentenças.

A Retórica é a arte da comunicação e se ocupa com as coisas como são comunicadas. Prescreve como combinar sentenças em parágrafos para formar um todo coerente, com unidade e a ênfase desejada, reconhecendo os vários níveis de discurso e, assim, adapta a linguagem às circunstâncias.

Todas essas artes são normativas, práticas, no sentido de que procuram regular, trazer em conformidade com uma norma. São ao mesmo tempo ciências e artes, pois em cada uma delas há algo para saber e algo para praticar.

São, em suma, artes da Comunicação. Como a própria etimologia mostra (con-: com, junto; +‎ mūnus: dever, obrigação), a comunicação é algo que se tem em comum entre um emissor, um receptor, e um referente, e, no momento em que ocorre, ligá-os todos num circuito de possibilidades.
Quando um indivíduo tenta comunicar algo, ele primeiro se conecta a si mesmo, através da memória, pois é nela que é armazenada a representação da essência do referente, como também a própria essência individual do agente, quando tomada como um todo. O referente não precisa ser um objeto físico, mas pode ser também experiências, idéias, ou expressões de vontades e sentimentos. Esses referentes são transportados por símbolos ou signos, que são abstrações da realidade. Um símbolo é uma matriz de significados.
O receptor deve descompactar estes símbolos e associá-los com os que carrega em sua memória, num processo similar ao realizado pelo emissor, porém no sentido inverso.
Vê-se, então, que a comunicação é o processo que possibilita o compartilhamento de idéias, lembrança de experiências, planos, vontades etc, entre duas mentes.

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